quarta-feira, 23 de março de 2011

TOP5 – Bloqueios Criativos

Já que o blog anda parado há um mês, não encontrei tema mais pertinente que esse pra retomar os trabalhos. Vamos lá, portanto, a cinco filmes (uns bons, outros nem tanto) que trazem personagens sofrendo com o famoso ‘Deu branco!’

5) Nine (Nine, 2009)


Dirigido por Rob Marshall (Chicago), o argumento de Nine é o seguinte: o prestigiado diretor de cinema, de nome Guido Contini (Daniel Day Lewis), está dando início à produção de seu novo filme, quando entra num bloqueio criativo. O filme explica o lapso de Guido por intermédio de várias mulheres que interferiram em sua vida das mais diversas formas - elas surgem aos poucos em incríveis números musicais (Cruz, Kidman, Dench, Cotillard...). O passo em falso é mesmo o fraco roteiro, com tão pouca história pra contar. Então o filme vai se arrastando nas músicas, na beleza dos cenários, figurinos... explorando as curvas das atrizes (e das ruas da Itália) mas mesmo a letra das canções tem quase nada a dizer. Marshall agora vai dirigir Piratas do Caribe. Melhor, hein.

4) Janela Secreta (Secret Window, 2004)


Escrito e dirigido por David Koepper, com base na obra de Stephen King, Janela Secreta traz um Johnny Depp (o escritor Mort Rainey) sofrendo de bloqueio criativo após o fracasso de seu casamento. Não que o bloqueio tenha relação direta com isso, mas as coisas começam a complicar quando um homem misterioso, aparentemente violento, interpretado por John Turturro, o acusa de ter plagiado um de seus contos. E dá um prazo a Rainey para provar que o conto foi publicado antes por ele, ou os créditos terão que ser corrigidos e o final, alterado. Levemente previsível, mas equilibrado e bem dirigido, este suspense também marca pelo bom trabalho de Depp e Turturro.

3) Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos (You Will Meet a Tall Dark Stranger, 2010)


O cineasta americano Woody Allen é viciado em fazer filmes. Bom, pelo menos foi o que ele deu a entender quando disse ‘para mim (... fazer filmes) é como fabricar biscoitos. Acabo um (...) e começo logo a fazer outro’. Mas em You Will Meet a Tall Dark Stranger, conhecemos Roy Channing (Josh Brolin), um escritor medíocre que emplacou um grande sucesso e depois, martirizado pela expectativa do público, se manteve preso a um romance, cujo final jamais conseguiu definir. Aturdido pela própria frustração profissional e pela esposa (Watts), infeliz por ter que sustentar o marido num casamento de fachada, Roy opta por uma manobra arriscada, que muda completamente o rumo da sua vida. Ver um filme do Woody nunca é desperdício de tempo, mas não custa ser honesto: You Will Meet.. tem situações levemente difíceis de comprar e um final meio apressado, que deixa pontas soltas (de propósito?).  Falo mesmo.

2) Garotos Incríveis (Wonder Boys, 2000)


O roteiro de Steve Kloves, baseado no romance de Michael Chabon, tem ingredientes inusitados, observe: um casaco que pertencera a Marilyn Monroe, um cachorro assassinado, um clone facínora de James Brown, Tobey Maguire dopado, Robert Downey Jr. gay, e Frances McDormand com excesso de rancor. O protagonista é o professor universitário Grady Tripp, interpretado por Michael Douglas. Um sujeito estigmatizado pelo best-seller que escreveu, mas preso num novo romance que já passa da página 800, e sem perspectiva de desfecho. De cara, se pensa que o personagem precisa organizar a bagunça que é sua própria vida, para que enfim consiga desembaraçar o nó literário em que se meteu. Mas as fantásticas reviravoltas da história fazem dessa uma viagem bem menos óbvia e muito, muito prazerosa.

1) Barton Fink – Delírios de Hollywood (Barton Fink, 1991)


Dizem que o roteiro de Barton Fink foi escrito em três semanas, durante um bloqueio criativo que os próprios irmãos Joel e Ethan Coen sofreram na produção de ‘Ajuste Final’ - os caras fizeram então algo não recomendável: curar um bloqueio criativo falando sobre ele. Aqui John Turturro (de novo, ele) faz um dramaturgo que chama atenção de Hollywood graça a seu retumbante sucesso na Broadway. Chegando a Los Angeles, completamente idealista em relação ao fazer de escritor, entra em contato com os bastidores da indústria do cinema: uma busca desenfreada por roteiros caça-níquel, sem qualquer compromisso com a ‘arte’. Ele tem que desenvolver uma história para um filme de boxeadores, mas as ideias simplesmente desaparecem enquanto uma série de interferências faz com que a experiência dele se torne infernal. Infernal mesmo, minha gente. Esse é o meu filme preferido dos Coen, em disputa constante com O Grande Lebowski. 

E caso eu não sofra com mais um bloqueio criativo, volto em breve ;)

Um comentário:

  1. Pelo menos houve uma coerência, roteiro fraco e capricho na estética combinam com bloqueio criativo.

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